sexta-feira, 26 de setembro de 2008

o jogo

É tudo um jogo, tudo um filho da puta de um jogo.

Inventado e criado às mãos de um qualquer maníaco que não registou a patente do manicómio gigantesco que é o amor.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

somewhere i belong

When this began I had nothing to say
And I'd get lost in the nothingness inside of me
(I was confused)
And I let it all out to find that
I'm not the only person with these things in mind
(Inside of me)
but all the vacancy the words revealed
Is the only real thing that I've got left to feel
(Nothing to lose)



Just stuck, hollow and alone
And the fault is my own
And the fault is my own



I want to heal, I want to feel
What I thought was never real
I want to let go of the pain I've held so long
(Erase all the pain till it's gone)
I want to heal, I want to feel
Like I'm close to something real.
I want to find something I've wanted all along
Somewhere I belong



And I've got nothing to say
I cant believe I didn’t fall right down on my face
(I was confused)
looking everywhere only to find that it's
Not the way I had imagined it all in my mind.
(So what am I)
What do I have but negativity
Cause I cant justify the way everyone is looking at me
(Nothing to lose)



Nothing to gain, hollow and alone
And the fault is my own
And the fault is my own



I want to heal, I want to feel
What I thought was never real
I want to let go of the pain I've held so long
(Erase all the pain till it's gone)
I want to heal, I want to feel
Like I'm close to something real
I want to find something I've wanted all along
Somewhere I belong



I will never know
Myself until I do this on my own
And I will never feel
Anything else until my wounds are healed
I will never be
Anything 'til I break away from me
And I will break away
I'll find myself today



I want to heal, I want to feel
What I thought was never real
I want to let go of the pain I've held so long
(Erase all the pain till it's gone)
I want to heal, I want to feel
Like I'm close to something real
I want to find something I've wanted all along
Somewhere I belong



I want to heal, I want to feel like
I'm somewhere I belong
I want to heal, I want to feel like
I'm somewhere I belong
Somewhere I belong

marcações certeiras

Há sempre uma frase, um refrão que nos marca para a vida. Há coisas que não sabemos nem queremos saber. É sempre algo que faz parte de nós, que nos acompanha, um lema de vida pelo qual nos regemos.


Estamos sempre subordinados a algo, ou alguém. Estamos sempre subordinados ao que sentimos. No entanto… a vida governada pelo espírito, vida comandada pelo sentimento, é sempre sinónimo da palavra problema. Enfraquece a alma, chora a tempo inteiro, nasce e renasce quando lhe apetece.

Uma vida que não é comandada por nós é algo mundano, deveras normal. As gentes sabem que são governadas por algo muito superior a elas próprias, e por mais que tentem não o conseguem combater.

E então continuam, nascendo, renascendo, sem saber porquê. São fracas, frágeis, débeis. Rendem-se com a maior das facilidades.

Há momentos da nossa vida em que sentimos que o coração nos cai aos pés. E, é certinho, isso acontece mais vezes que pensamos…

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

fecho

Quero fechar-me. Fechar-me na minha concha, e nunca mais de lá sair. Proteger-me dos males do mundo, de todas as desgraças. Quero encolher-me, sossegada, num canto e acabar com toda a dor. Mas não posso dar-me a esse luxo. O que faria quando a minha alma estivesse tão só e tão gasta que não pudesse estar fechada na concha?

Tenho que sair e enfrentar os males do mundo. É a minha sina, o meu destino. O meu e o de toda a gente. Por mais que custe, por mais esforço que requeira. Resistir é o mote. Sonhar com um mundo melhor, com uma vida melhor.

Altruísmo. Ninguém se ajuda apenas a si mesmo. Construímos muros que de nada servem, pois mandá-los-emos abaixo para sair da concha. Os muros são a nossa concha. Sejam visíveis ou não. E eu fartei-me de estar fechada. A minha mente, a minha alma, o meu espírito, nenhum deles aguenta. Nem mesmo o meu corpo. Preciso de sair, enfrentar o mundo, toda a sua violência e injustiça.

É curioso observar como o género humano tem tendência a valorizar o lado negativo das coisas e rebaixar tudo o que é positivo. O nosso mundo não é só violência, morte e injustiça. É também natureza, amor e pureza. Todas elas coisas que nos recusamos a ver e até mesmo respeitar.

Não falo apenas dos outros, não falo apenas de mim. O mundo foi talhado assim, aos olhos de quem o construiu. Belo e feio ao mesmo tempo, justo mas injusto. Os contrários encontram-se todos os dias connosco, mesmo que não queiramos. Se quisermos ver a vida só de um lado, não podemos…


10.Set.2008

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

vampires kiss

That day I found you in the shadow of my own hell

You tempted me to show you my true emotion

The emotion I have been hiding for so long

I love it when you smile when

I see your blood stained teeth

I love it when you touch me

I feel your blood lust touch

I love when you bite me

I feel freedom from everyone

Can I touch you and feel your innocence

Can I taste your mouth and taste all the blood from my pain

Can I trust you a blood hungry fallen angel

I want to swim in a pool of our own blood

Together our immortal souls

A raven and a vampire together until the end

The kiss arouses as much as it enchants

The kiss you give is the one I love and loathe

The Vampires Kiss.


By: Unknown Artist

terça-feira, 16 de setembro de 2008

razorblade


You've got a mouth like a razor blade,

It cuts so deep.

So kiss my wrists,

My neck,

And give me eternal sleep.

I whispered in her ear:

Fear me dear,

For I am death,

I'll take your hope,

Your dreams, your love,

'Till there's nothing left.

So clap your hands to the sound,

Of every firstborn dying now,

Watch the rivers flow with blood,

Having death stand where life once stood.

By: Broken Angel

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

quando a verdade fala...

O meu coração há muito que chama por ti. Chora lágrimas de tristeza e alegria, chora por te ter e chora por te perder. Nunca choraste comigo. Magoaste-me, ao marcares o teu nome a ferros na minha mente e na minha alma. Doeu mais quando partiste.

Já perdi a conta às noites que passei sem dormir por não desapareceres. Só de ouvir o teu nome ficava desperta. Nervosa.


Perdi a conta às vezes que disseste que eu era uma amiga de verdade, para depois virares costas e desapareceres sem deixar rasto. Perdi a conta às lágrimas, às dores de cabeça, momentos bons e maus que me deste. Sofri ao ver-te partir.

E agora aqui, ao escrever estas palavras, sei que és a razão para tudo isto. Embora tenha levado tempo a descobrir. Como um poema lido pela primeira vez, não faz sentido. E, agora que finalmente entendo… Desejava que fosse mentira.

Ao chegar a verdade aos meus ouvidos… escondo a tua imagem no mais fundo da minha mente, e talvez consiga dormir esta noite.

Partiste-me o coração sem pedir, roubaste-mo e não o devolveste.

É algo que quero esquecer custe o que custar. No entanto… não consigo parar de te amar.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

à falta de inspiração...

Nos dias em que me falta a inspiração, perco sempre o fio às palavras. Fogem com o vento ou com a chuva. Perdem-se de mim, comigo. À falta de melhor, rabisco algo num papel, palavras soltas sem qualquer significado. Mas, mais tarde… passam a fazer sentido, às minhas mãos. Sou a sua transformadora, artista. A minha arte são as palavras.

Mas nestes dias… O que fazer? Sobre que hei-de escrever? A inspiração falta-me… e sinto que perdi uma parte de mim. Gostava de passar estes dias no topo do mundo, onde inspiração não faltará. Talvez haja uma maneira, algo que me leve a dar a volta ao texto… Literalmente. Nunca esperei isto de mim. Poderia começar a escrever um texto em que dissesse tudo o que sinto e sempre senti por ti. Ou escrever sobre a frustração que é não te ter aqui comigo… No entanto, a inspiração não chega, e eu perco a capacidade de transformar palavras em diamantes.


Espero pacientemente, pode ser que surja algo, um pequeno fio de inspiração que não desapareça de repente. Custa tanto ser paciente nestes momentos… a frustração toma conta de mim. Mas ainda há tanto para fazer, tanto por escrever… Não posso deixar que um simples e reles dia de falta de inspiração me deite abaixo desta maneira.

E, de repente, atinge-me como um raio. E dou a volta ao texto, da melhor maneira possível. Dou-lhe a volta, escrevendo sobre a raiva e a frustração que me dão os dias sem inspiração. E assim, sinto-me eu novamente. Completa. A imperfeita criadora, transformando palavras em diamantes.

Inês Retorta 8. Set. 2008

terça-feira, 9 de setembro de 2008

grito

Quero gritar. Gritar até não poder mais. Gritar para expulsar de mim os demónios que me assombram. Num simples capricho, no devaneio de um grito, encontrar-me novamente. Voltar a ser eu, um ser inteiro, completo, único. Através de um grito, reunir em mim todos os pedaços de uma alma ausente a que não sei se posso chamar minha.

E, quando esses pedaços estiverem juntos de novo, serei eu outra vez. O mesmo ser fraco, feio, impotente e submisso… Mas ao mesmo tempo um ser mais forte. Mais completo. Mais… único.


Quero gritar e eliminar toda a réstia de mágoa que em mim permaneça. Gritar para apagar todas as feridas do meu coração. Gritar para me ouvir a mim mesma. Mas, acima de tudo… Gritar para ser ouvida. Ser compreendida. Gritar para fazer toda a minha maldade desaparecer. Ah, como seria bom ser livre de novo! Não posso. Mesmo que me recupere, no meio de tudo o que já perdi de mim, serei para sempre submissa aos males do mundo e a tudo o que me rodeia. Não quero ser nada, mesmo podendo ser tudo.

E, no silêncio desta noite escura, grito. Grito na esperança que algo ou alguém me ouça, algures.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

filmes

Toda a vida é um filme. Há quem faça dela um conto de fadas, existe quem viva como num filme de terror. A vida retirada dos filmes é um cliché, um lugar-comum que só os mais sonhadores se podem dar ao luxo de criar.

Sejamos realistas. A vida não é nem nunca foi um conto de fadas. Se fosse, bastava contá-la às crianças antes de adormecer e aí a Cinderella, a Bela Adormecida e outras que tais ficavam sem emprego. Convenhamos que se a vida fosse contada às crianças, corria-se o sério risco que estas ficassem traumatizadas para o resto da vida.

Gente que tira cópias dos filmes para produzir e realizar a sua própria vida, é gente que não sabe aproveitar a existência. Passeiam-se por aí quais heróis ou heroínas de uma história qualquer imaginária, sem pés nem cabeça.

A minha vida, em particular, nunca foi um conto de fadas, muito menos um filme de terror. Mas nós sempre sonhamos em viver como a princesa encurralada na torre, à espera do seu final feliz.


Sempre me considerei sonhadora. Talvez isso se deva ao simples facto de não assumir os meus medos, os meus receios. Ou até mesmo por deixar as emoções transparecerem com relativa facilidade. Sonho, portanto, que um dia acabem os medos, os receios. Fui construída á base do medo e assim permaneci. Até hoje, em que finalmente descubro que me soltaram as amarras e estou livre…

Inês Retorta 30.Mai.2008

sábado, 6 de setembro de 2008

a parada dos corações partidos

Um pesadelo. É um verdadeiro pesadelo. Acordar e ver que o dia está cinzento, e chove. O que condiz com o meu estado de espírito. Processa-se então uma espécie de ritual, em que um pouco de música e velas são o ideal para trazer cor ao dia. Mas a parada já começou, e está tudo escuro como breu.

Memórias antigas (velhas inimigas) assaltam-me a mente e não me querem largar. Sinto um aperto no coração, é como se se fosse partir. Não, não quero chorar. E o dia está triste, é verdade…

E é então que, num sobressalto, a mente se veste de preto e se junta à parada. Por enquanto a mente, apenas. A alma ainda resiste. Mas o meu coração parte-se e, enquanto choro, a alma une-se á parada e que tudo está escuro.

Filas e filas de saudade, um rol de mentiras, flores murchas e verdades que nunca ninguém disse. Todos se dirigem para o mesmo local, um buraco negro algures por aí.

E a parada continua, todos os dias na mente de alguém. Eu fui só mais uma vítima…


Inês Retorta 21.Mar.2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

dificuldades


A vida é difícil. Todos sabemos isso, não constituí novidade para ninguém. O problema é quando alguém nos dificulta ainda mais a vida, para além daquilo que já é. Falam do que não sabem e julgam sem pensar. Ao seguirmos os conselhos de outrem, corremos sérios riscos de sermos imediatamente julgados pelas nossas acções.

Há dias em que não nos apetece ver ninguém. Não queremos falar com aqueles que outrora nos magoaram e que não fazem a mínima ideia do mal que fizeram. Sofremos por sua culpa, sofremos e continuamos a sofrer. Memórias, inimigas da mente, assaltam-nos todos os dias. Discussões, muitas noites de tortura. Não somo nós. Somos uma espécie de… massa amorfa, formada por todo o sofrimento e todas as vivências. Presenciámos o que desejamos nunca ter presenciado, recordamos o que desejamos esquecer.

Todos os dias sou assaltada por memórias de um pai alcoolizado, memórias de noites infinitas de tortura, memórias de dias cinzentos. Tudo o que passei tornou-me fraca, vulnerável. E no entanto sinto-me obrigada a agir contra minha vontade, apenas para ser agradável ao que me rodeiam. E fico frustrada. Porque estou a agir contra a minha natureza, a agir contra o que a minha mente e o meu coração pedem, imploram e querem.


Até agora, a vida não tem sido minha amiga. Pois, para além de todas as dificuldades e obstáculos naturais, ainda tornaram tudo isto mais difícil. Há alturas em que desejava estar noutro local, ser outra pessoa. Descolar-me de mim mesma e simplesmente… partir. Encontrar o meu lugar no mundo, um local para poder descansar. Talvez em paz para todo o sempre. Quero que tudo e todos desapareçam da minha mente.

E o fogo da minha alma apaga-se. Toda a esperança que outrora possuía… esvaiu-se com tudo o resto. Por mais que queira não consigo esquecer. Este local é tão escuro, não consigo ver para além disto. Quero que tudo o que me forçou, tudo o que tentou arrancar de mim o que tenho de melhor, desapareça de uma vez.

Passo a vida a tentar agradar aos outros e para que? Para sofrer assim? Nada neste mundo vale a pena. O mundo é um lugar cruel, ninguém devia ser obrigado a presenciar toda esta guerra. Ninguém devia ser obrigado a viver. E é aqui que me apetece dizer não. Não vou definhar mais, já paguei que chegue pelos erros dos outros.

Virei as costas a tudo, indefesa, mas fui atacada por trás, em desaviso. Tento por todos os meios encontrar uma cura para este cancro que me corrói por dentro, mas não confio em ninguém… fico enterrada no silêncio até à resposta, até à cura para todos os males.
Inês Retorta 11.Jul.2008

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

where does it hurt ?

Where does it hurt?
Tell me cause I understand
the words of a heart
Beating like wings in my head.


We can't hide, we'll never lie,
I'll always see into you.
There's nothing wrong
With coming up empty and cold.


Staying too long
And tryin' to change rocks into gold.
I've been there too,
I've wasted myself,
And you were there for me.


So whenever you crash,
Wherever you land,
That's where I'll be.
And for every endless midnight,
There's a sky full of broken stars.


And there'll always be a place for you
Inside my arms.
Where does it hurt?
When you open your heart,
There's always so much to lose;
So far to fall,
And nowhere to go when it's true.


But if you let me in,
I won't let you down.
Put your faith in me.


Cause whenever you crash,
Wherever you land,
That's where I'll be.
And for every endless midnight,
There's a sky full of broken stars.
And there'll always be a place for you
Inside my arms.


And there's a million streets to walk down
In this city of broken hearts.
But there'll always be a place for you
Inside my arms.


Where does it hurt?
Where does it hurt?
And for every endless midnight,
There's a sky full of broken stars.
And there'll always be a place for you
Inside my arms.
And there's a million streets to walk down
In this city of broken hearts.
But there'll always be a place for you
Inside my arms.
Where does it hurt?
Where does it hurt?


broken hearted

O meu coração está feito em pedacinhos, tal como o espelho que se encontra partido no chão. Não há ninguém com quem possa partilhar a dor e as lágrimas. Ninguém disposto a ouvir-me ou compreender-me. Ninguém disposto a dar valor a este coração que sabe o que é sentir.


Há momentos das nossas vidas que queremos simplesmente esquecer. Outros, ficam para sempre connosco como que marcados a fogo na pele. Uma gargalhada, um elogio, uma palavra. Gravadas para todo o sempre na minha memória, por mais que tente esquecer. Todas relativas à mesma pessoa.

Meu deus, como sou ingénua. Talvez se eu fosse diferente, mais inteligente ou mais bela, o destino se tivesse alterado. Mas ele ainda não quer saber de mim e isso faz-me sofrer. A verdade é que já o adoro há demasiado tempo e estupidamente muito para esquecer. Pensava que a virtualidade das relações pudesse por um fim a isto, mas não.

Agora, não sou capaz de o olhar de frente, nem olhos nos olhos. Como eu gostava de me perder na imensidão daqueles olhos azuis… Mas não passo de uma idiota estupidamente apaixonada. O amor, agora percebo, foi feito apenas para os que conseguem arcar com o seu peso. Não para mim.

Acho que sou demasiado insegura para que alguém goste de mim e corresponda ao meu coração, à metade que há muito se perdeu.

Mas esse alguém está ainda longe de chegar. Não quero sofrer mais por ele, mesmo sabendo que a metade do meu coração que falta está na sua posse.

Quero muito aquilo que não posso ter. E o orgulho impede ambos de simplesmente falar...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

quarto de espelhos


“Parecia um filme a preto e branco. Ao fundo, no cimo do monte, avistava-se uma grande mansão vitoriana. Uma cena fantasmagórica. Há muito que não se via uma única alma rondando a enorme casa, até hoje.
Uma vela acesa no segundo andar. Avistam-se sombras, não, é apenas uma pessoa. Como é que nunca se deu por ela? Parece que tem estado ali desde sempre…”


Dentro da casa reina a escuridão. Acendi uma vela, no quarto dos espelhos do segundo andar, mas tenho medo que alguém me veja. Este quarto está forrado a espelhos. Vejo o meu reflexo, sombras, a minha alma, o que me destrói e o que me constrói.

Vou-me arrastando a passos largos pelo quarto, sentindo-me só pela primeira vez desde que aqui estou. Fecho os olhos e penso em toda a minha vida, tento recordar-me dos momentos mais felizes.

E, ainda com os olhos fechados, sinto-me a partir um dos espelhos. Desfez-se em cacos. Apanho um deles e é lá que vejo o meu reflexo agora. Mas não é isto que sou. Pensando bem, não me sinto só. Não sinto rigorosamente nada. Estou oca. Preciso desesperadamente de sentir algo.

Encosto o pedaço de espelho partido ao pescoço. Não, não me parece que seja capaz. Encosto-o ao braço e abro os olhos. Olho para o chão, está pintado de vermelho.

E é então que me começo a sentir viva pela primeira vez em muito tempo, viva como o vermelho do sangue quente que me escorre pelas mãos.


Inês Retorta 24.Mar.2008