Quero fechar-me. Fechar-me na minha concha, e nunca mais de lá sair. Proteger-me dos males do mundo, de todas as desgraças. Quero encolher-me, sossegada, num canto e acabar com toda a dor. Mas não posso dar-me a esse luxo. O que faria quando a minha alma estivesse tão só e tão gasta que não pudesse estar fechada na concha?
Tenho que sair e enfrentar os males do mundo. É a minha sina, o meu destino. O meu e o de toda a gente. Por mais que custe, por mais esforço que requeira. Resistir é o mote. Sonhar com um mundo melhor, com uma vida melhor.
Altruísmo. Ninguém se ajuda apenas a si mesmo. Construímos muros que de nada servem, pois mandá-los-emos abaixo para sair da concha. Os muros são a nossa concha. Sejam visíveis ou não. E eu fartei-me de estar fechada. A minha mente, a minha alma, o meu espírito, nenhum deles aguenta. Nem mesmo o meu corpo. Preciso de sair, enfrentar o mundo, toda a sua violência e injustiça.
É curioso observar como o género humano tem tendência a valorizar o lado negativo das coisas e rebaixar tudo o que é positivo. O nosso mundo não é só violência, morte e injustiça. É também natureza, amor e pureza. Todas elas coisas que nos recusamos a ver e até mesmo respeitar.
Não falo apenas dos outros, não falo apenas de mim. O mundo foi talhado assim, aos olhos de quem o construiu. Belo e feio ao mesmo tempo, justo mas injusto. Os contrários encontram-se todos os dias connosco, mesmo que não queiramos. Se quisermos ver a vida só de um lado, não podemos…
10.Set.2008
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