sábado, 3 de julho de 2010

de noite.

Sentada, com uma folha em branco à minha frente, sinto um rol de palavras na minha mente. A desfilar, presas a mim como um parasita ansioso por libertação, ou por um hóspede que o acolha. Decidi ser o hóspede, não oferecer a necessária libertação. Preciso de agarrar nas palavras e transformá-las, usá-las, sentir a sua musicalidade numa frase imperfeita desta folha meio-cheia. Começava já a pensar que nunca mais iria ter inspiração para tal, afinal, sou só uma perdida da vida, que aterrou aqui de pára-quedas sem saber muito bem de onde veio nem para onde vai.

E que não espera respostas tão cedo. Nado num mar de sentimentos, sentidos e nadas, em busca de uma resposta coerente e certa do porquê de amar. Oh, o amor. Esse bicho enorme, essa coisa esquisita que todos procuram e ninguém encontra. As cartas de amor já não se usam e o romantismo praticamente morreu. Mas continuamos à procura. E se um dia nos bater à porta ? Adivinhamos o que fazer. Sorrimos, e corremos os riscos necessários, podendo acabar com um coração partido ou... quem sabe ? Talvez encontrar o príncipe encantado.

Continuo a pensar que isto são ideias de filmes, algo que Hollywood incutiu entre nós, tal como os contos de fadas que contamos às crianças as levam a acreditar em dragões, bruxas e fadas. Talvez seja só uma céptica, ou apenas alguém que já teve o coração partido demasiadas vezes. Partido, não. Estralhaçado. Sou apenas alguém que não consegue entender a razão de um “amo-te” mentiroso. Mas sei que, algures numa gaveta da minha mente guardo espaço para acreditar. Mesmo que seja uma gaveta velha, suja e poeirenta, enterrada do meio desta confusão de sentimentos e palavras.

Mas esta noite, sinto-me pronta para acreditar. Pronta para esquecer, desenterrar a gaveta perdida e acreditar, simplesmente. Sinto-me inspirada. Sinto-me viva. Sinto-me eu.

(E já não era sem tempo.)

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