sexta-feira, 5 de setembro de 2008

dificuldades


A vida é difícil. Todos sabemos isso, não constituí novidade para ninguém. O problema é quando alguém nos dificulta ainda mais a vida, para além daquilo que já é. Falam do que não sabem e julgam sem pensar. Ao seguirmos os conselhos de outrem, corremos sérios riscos de sermos imediatamente julgados pelas nossas acções.

Há dias em que não nos apetece ver ninguém. Não queremos falar com aqueles que outrora nos magoaram e que não fazem a mínima ideia do mal que fizeram. Sofremos por sua culpa, sofremos e continuamos a sofrer. Memórias, inimigas da mente, assaltam-nos todos os dias. Discussões, muitas noites de tortura. Não somo nós. Somos uma espécie de… massa amorfa, formada por todo o sofrimento e todas as vivências. Presenciámos o que desejamos nunca ter presenciado, recordamos o que desejamos esquecer.

Todos os dias sou assaltada por memórias de um pai alcoolizado, memórias de noites infinitas de tortura, memórias de dias cinzentos. Tudo o que passei tornou-me fraca, vulnerável. E no entanto sinto-me obrigada a agir contra minha vontade, apenas para ser agradável ao que me rodeiam. E fico frustrada. Porque estou a agir contra a minha natureza, a agir contra o que a minha mente e o meu coração pedem, imploram e querem.


Até agora, a vida não tem sido minha amiga. Pois, para além de todas as dificuldades e obstáculos naturais, ainda tornaram tudo isto mais difícil. Há alturas em que desejava estar noutro local, ser outra pessoa. Descolar-me de mim mesma e simplesmente… partir. Encontrar o meu lugar no mundo, um local para poder descansar. Talvez em paz para todo o sempre. Quero que tudo e todos desapareçam da minha mente.

E o fogo da minha alma apaga-se. Toda a esperança que outrora possuía… esvaiu-se com tudo o resto. Por mais que queira não consigo esquecer. Este local é tão escuro, não consigo ver para além disto. Quero que tudo o que me forçou, tudo o que tentou arrancar de mim o que tenho de melhor, desapareça de uma vez.

Passo a vida a tentar agradar aos outros e para que? Para sofrer assim? Nada neste mundo vale a pena. O mundo é um lugar cruel, ninguém devia ser obrigado a presenciar toda esta guerra. Ninguém devia ser obrigado a viver. E é aqui que me apetece dizer não. Não vou definhar mais, já paguei que chegue pelos erros dos outros.

Virei as costas a tudo, indefesa, mas fui atacada por trás, em desaviso. Tento por todos os meios encontrar uma cura para este cancro que me corrói por dentro, mas não confio em ninguém… fico enterrada no silêncio até à resposta, até à cura para todos os males.
Inês Retorta 11.Jul.2008

1 comentário:

Anónimo disse...

Pensa antes em agradar a ti própria e não ao Mundo... Sei o quanto é difícil sermos diariamente avaliados, julgados e observados pela sociedade. E ás vezes, preciso de um escape, uma maneira de me esquecer por instantes dos problemas. Mas eles regressam sempre se eu não agir e reagir para mudar. Mas, se não começarmos por gostar de nós próprios, quem é que se sentirá incentivado para nos conhecer melhor e gostar de nós?...

Descuulpa o desabafo sem base nem precedentes, mas sinto que me entendes. Nem que seja apenas um pouquinho.

By : Blueberry '